O “Escola Sem Partido” e Paulo Freire
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Provavelmente um dos momentos que mais causou repercussão no debate entre Miguel Nagib e o professor Fernando Penna no Canal Futura foi a declaração do fundador do ESP de que Paulo Freire teria sido “pedagogo do PT” promovedor “dos interesses do partido que era o partido dele”. A fala entregou o quanto o discurso ESPiano é fundamentado numa retórica conspiracionista e não muito bem embasada, especialmente no que diz respeito ao debate sobre educação, tanto num nível teórico quanto político. Para compensar, ou só como consequência disso, a estratégia de vilanizar figuras ligadas à certas correntes teóricas da área de educação tem sido a maneira do ESP se validar junto à opinião pública. O caso da manchete que a postagem do perfil de Nagib compartilha é ainda mais agravante porque parece que essa narrativa da estigmatização de educadores teóricos e críticos está se expandindo da opinião pública até os níveis de órgãos governamentais e do poder público.
Ecos do “Escola Sem Partido”
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O ESP sempre agregou figuras ilustres que ajudam a ressonar e transmitir as propostas do movimento em novos espaços. Essas personalidades dão os ares de legitimidade que o “Escola Sem Partido” necessita para se firmar como a política pública que ele aspira ser. O que é algo que nunca é demais ressaltar: ao contrário do que seus idealizadores difundem, o ESP é uma política de escolarização; o movimento não almeja apenas reforçar aquilo que já está na Constituição ou na LDB, mas concretizar um projeto de educação e escola. Assim, temos um elenco diversificado que, nos exemplos acima, vai desde celebridades da internet (Olavo de Carvalho), procuradores da república (Guilherme Schelb) e políticos (Rogério Marinho e Marcel Van Hattem) que funcional como pontos de interseção na rede ESPiana para difusão e consolidação de sua visão de mundo.
O que podemos observar no último caso destacado, a candidatura do “Batman das Manifestações” à vereador do Rio de Janeiro pelo PSC, é mais um exemplo de como movimentos sociais de orientação conservadora, ou simplesmente retrógrada, vem se comportando. Eron Melo é grande apoiador do ESP, já tendo participado de diversas audiências e manifestações públicas com grupos entusiastas do projeto de lei no município do Rio. O personagem que o agora candidato utiliza para se mobilizar no espaço público começou sua trajetória nas manifestações de Julho de 2013, tornando-se uma figura muito associada, para o bem ou para o mal, ao legado que os acontecimentos da época refletem até hoje. Tal fato não parece escapar ao próprio candidato quando ele afirma:
Eu entendo que a política é a extensão das ruas. Não adianta só estarmos nas ruas batendo penelas, gritando, pressionando. Temos que colocar pessoas que nos representem
Não é difícil perceber na declaração de Eron Melo um reflexo dos mesmos fundamentos que o ESP usa para tentar legitimar seu projeto político.
Generofobia
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Um dos temas mais comentados nas redes sociais pró-ESP ou ligadas a movimentos para censurar a discussão de gênero e sexualidade nas escolas foi o resultado da votação dos Planos Municipais de Educação de Niterói (RJ). Contando com a participação de figuras como Marisa Lobo e do movimento “Niterói Sem Ideologia” em audiências públicas para discutir a temática de gênero no texto, a polêmica terminou com a Câmara de Vereadores da cidade aprovando os planos com a supressão dos termos gênero e sexualidade do item que corresponde ao combate às desigualdades sociais dentro das escolas e instituindo a proibição de qualquer material ou projeto pedagógico que versassem sobre esses temas (emendas 1 e 98). Pode-se observar que esses grupos se preocupam em repercutir e divulgar ao máximo as informações relacionadas às suas propostas. Vemos na última imagem selecionada, por exemplo, um grupo de Guarulhos (SP) compartilhando informações sobre o desenrolar dos eventos em Niterói.