Surpreende como o discurso do movimento “escola sem partido” têm penetrado em várias instâncias da sociedade civil, vários grupos, tanto religiosos como não religiosos e afins. Entenda aqui como ele mobiliza seus apoiadores, expande seus discursos e movimenta uma rede de seguidores que compartilham de um objetivo em comum: o ataque à educação democrática.
“Quando a lenda se torna fato, imprima a lenda [como estampa de camisas, de preferência]”
A lógica do ESP pode não ter muita base conceitual, mas ela certamente é muito fácil de se publicizar. Com frases de impacto e uma linguagem acessível, o ESP cativa e conquista apoiadores com uma facilidade que assusta. Assim, o trabalho de criticar o discurso ESPiano só se multiplica, pois é necessário romper essa barreira criada pelo medo de discussões abertas e francas sobre educação a partir de uma perspectiva filosófica, técnica e epistemológica. Para nós, é preciso ampliar o debate cada vez mais, sem permitir que ele se torne raso.
O “Escola Sem Partido” e a BNCC
Como já foi noticiado aqui, a influência do ESP na atual administração do MEC provavelmente irá afetar a produção da Base Nacional Curricular Comum. Como agravante, os recentes cortes no SECADI, prejudicando a atuação do Fórum Nacional de Educação, podem beneficiar ainda mais a atuação do ESP ou de grupos análogos na produção de novas versões da BNCC.
Apoio ao ESP na Câmara dos Deputados
Rogério Marinho (PSDB-RN) é um dos principais apoiadores do ESP na Comissão de Educação da Câmara, tendo organizado diversas audiências públicas e seminários para discutir temas caros ao movimento. Além disso, o deputado também é autor do PL 1411/2015, que indicamos aqui como um dos projetos relacionados ao “Pacote Escola Sem Partido”, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados.
As Bases Partidárias do Escola Sem Partido
Não é nada surpreendente afirmar que o discurso do ESP está sendo amplamente reproduzido por legendas partidárias. O que não é de se estranhar; a paranoia e o medo que o ESP fomenta podem muito bem ser usadas como ferramentas para captação de apoio político. Em momentos de crise de legitimidade generalizada é que novas forças políticas começam a surgir e se estabelecer em bases cada vez mais extremadas e violentas. O ódio aos professores e o combate à diversidade nas escolas é o formato mais recente desse fenômeno.