Quando começamos a nos mobilizar contra o “Escola Sem Partido” um dos primeiros passos foi conhecê-lo e identificar suas bases de apoio. Inicialmente, buscamos no site do movimento por dados nesse sentido, mas não há qualquer informação oficial sobre isso; lá só podemos identificar seus apoiadores através de autores de textos que o site reproduz e cita. Partimos então para o facebook.
O facebook é bastante profícuo na produção e compartilhamento de materiais pró-Escola Sem Partido, e não só. É por ele que conseguimos ter alguma noção da dimensão da campanha de ódio aos professores ensejada pelo movimento, o quão difundido ele está através da diversidade de páginas que o apoiam e reproduzem seu material, a que outros temas ele se relaciona e ajuda a divulgar e é por eles divulgado, etc. Foi por esta rede que conseguimos perceber, por exemplo, a importância da campanha contra “ideologia de gênero” [sic] para o Escola Sem Partido: em vários casos o ataque às liberdades de se discutir gênero e sexualidade em salas de aula é seguido pela introdução do programa Escola Sem Partido na forme de projetos de lei, como em municípios que primeiro tiraram “gênero” do plano de educação e depois algum vereador apresentou o projeto do ESP à câmara.
Assim, através de navegação por páginas, compartilhamentos, comentários e etc, frequentemente conseguimos desenhar uma rede de relações em torno do ESP ou das quais ele faz parte sem ser o ponto principal. Daqui coletamos imagens e argumentos que as páginas usam para defender o projeto. Com o passar do tempo e o aumento do volume de material reunido decidimos divulgar estes achados pra incentivar que mais gente faça como fazemos, trate este material e produza reflexão e crítica bem fundamentada sobre eles para firmar nossa campanha contra este projeto autoritário que é o Escola Sem Partido.
É assim que chegamos ao lançamento de uma espécie de coluna semanal aqui no blog: os destaques semanais da rede ESPiana.
As páginas que estamos acompanhando têm características diversas. Algumas ficam paradas e só têm movimentação intensa quando explode o debate sobre algum projeto de lei ou sobre o plano de educação local, por exemplo. Outras são mais estáveis e as olhamos com frequência quase diária. A cada semana diremos que páginas estamos acompanhando mais de perto. Recomendamos que aquelas e aqueles que se interessarem prestem atenção nas fontes das imagens e olhem por si mesmos/as as páginas que citamos para ver coisas como comentários, compartilhamentos e afins, que a princípio não trataremos sempre aqui.
Acompanhamos regularmente as principais figuras do movimento: o criador e coordenador do movimento, e procurador do estado de São Paulo, Miguel Nagib; Orley José da Silva, professor municipal de Goiânia, representante do movimento em algumas ocasiões (encontro com parlamentares, por exemplo), criador do blog De olho no livro didático que se presta a expor supostos casos de “doutrinação” e “ideologia de gênero” [sic] em materiais aprovados pelo MEC; Bia Kicis, advogada, revoltada on line e presença constante em vídeos do grupo, representante do ESP em várias ocasiões, principal ligação do ESP com os revoltosos e outras figuras associadas ao movimento, como Olavo de Carvalho e a família Bolsonaro; perfil de Olavo de Carvalho, figura exótica e por algum motivo seguida por muitos desta direita estranha que tem crescido e falado cada vez mais alto; Marisa Lobo, “psicóloga cristã” (por mais que isto vá contra o código de ética da profissão…), já foi cassada pelo conselho de psicologia no Paraná mas conseguiu revogar a decisão na justiça, faz campanha dando cursos e palestras em igrejas e qualquer lugar que a receba sobre “os perigos da ideologia de gênero” [sic]; Guilherme Schelb, procurador da república e entusiasta do discurso de valorização da família e da moral e de condenação das discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas; perfis de todos os Bolsonaros, por motivos óbvios.
Quanto às páginas que ajudam a difundir as ideias ESPianas: a página oficial do movimento, Escola sem Partido, com 41 mil curtidas na primeira semana de junho; Alagoas contra a doutrinação na escolar, página central na época da campanha pela aprovação e derrubada do veto ao “Escola Livre” no estado; Diga não a ideologia de gênero em Guarulhos, próxima da página que citamos anteriormente e muito ativa em propagar conteúdos do ESP e que possui alguns vídeos do padre que participou do Seminário sobre a BNCC esta semana; Desenhista que pensa.
Como este é o primeiro post da coluna faremos um apanhado de imagens e conteúdos até de meses anteriores, mas daremos alguma ênfase ao que foi dito sobre a participação de representantes do Escola sem Partido no Seminário sobre a BNCC.